quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Carnaval da decadência

Será que o Brasil está pronto para receber uma Copa do mundo e uma Olimpíada? Depois dessa vergonhosa atitude no carnaval, imagine o estrago que os próprios brasileiros podem fazer! Vergonhoso! Não concordo com essa importância que o Brasil dá ao carnaval, o país praticamente adormece para os problemas e vive um período de fantasia. Infelizmente a preocupação com o carnaval é mais popular do que a fome, a violência, a pobreza e especialmente a péssima política brasileira. Quando um país vai conseguir se desenvolver se a sua população dá mais importância a um desfile de escola de samba ou a pular atrás de um trio elétrico e simplesmente menospreza a população que sequer vive em boas condições? É muito dinheiro envolvido no carnaval, dinheiro que poderia muito bem ajudar a amenizar os problemas sociais do Brasil. Toda essa gente envolvida na folia poderia fazer uma revolução, sair nas ruas e reivindicar coisas importantes. O Brasil não comemora o carnaval ele celebra a decadência do povo brasileiro.

3 comentários:

  1. Pois bem, vamos por partes... Sobre o primeiro questionamento: Também me parece que em termos de infraestrutura o país ainda não esteja preparado para a Copa ou as Olimpíadas. No entanto, paradoxalmente, é evidente que eventos de grande porte são importantes catalizadores sócio-econômicos por promoverem medidas - quase sempre eficazes - por parte dos governantes (vide as propostas de privatização dos aeroportos). Tendo, contudo, a pensar que para além dessa discussão acerca da capacidade do Estado (ou da Nação, como você salientou muito bem ao transferir para o povo (nós)essa responsabilidade), deveríamos discutir as severas intervenções governamentais realizadas, como já se sabe, em comunidades pobres a despeito de uma "revitalização urbanística". Mentira. O que tem ocorrido em estados como o Rio e São Paulo é a tentativa de uma limpeza social, como aquela ocorrida em Los Angeles durante as Olimpíadas nos EUA. Este é, ao meu ver, o debate que precisa ser nutrido e crescer na nossa sociedade pouco afeita com o que ocorre em espaços públicos. Outra problematização levantada por você acerca da "hegemonia" carnavalesca sobre temáticas mais relevantes. Bom, o carnaval é um fenômeno que revela muito bem a infrestrutura desta terra brasilis, justamente por ser subversivo, revolucionário e criador. Sim, é evidente que levamos muito mais a sério o carnaval (uma indústria, e como tal acho admirável e sem igual, o que me provoca a considerar a capacidade absurda de organização, cumprimento de prazos etc de determinados setores da sociedade brasileira...). Mas tal afirmação é lugar comum. A população (imensa, é bom ressaltar) de miseráveis (etc etc etc)nunca conseguiu se organizar eficientemente, isso é histórico. Para tanto, a menos que existam "agitadores" isso não ocorrerá - e quando ocorreu acabou em sangue. Enfim, acho que tudo isso nos lança uma questão e uma certeza. A questão: Quais interesses estão em jogo? Muitos e, certamente, extremamente contraditórios. E a certeza: Não há modelos. Portanto, é preciso continuar carnavalizando (a política, a miséria, os afetos...). "Vamos pra avenida. Desfilar a vida, carnavalizar..."!

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  2. O primeiro questionamento não está ligado a infraestrutura e sim a incapacidade do brasileiro de ser civilizado. Quanto aos eventos serem catalisadores sócio-econômicos, isso não significa benefício algum ao país, pelo contrário, sempre somos bombardeados por informações de desvios de verbas, superfaturamento e ao meu ver, a principal característica brasileira, a corrupção. A limpeza social já faz parte da vida dos brasileiros desde sempre, um exemplo bem básico são as favelas, a população pobre é “obrigada” a sair dos centros por não ter condições de arcar com as despesas, lógico que não podemos esquecer dos migrantes. Outro exemplo bem claro são os “abrigos” que recebem moradores de ruas ... que simplesmente tiram as pessoas que moram nas ruas e “armazenam” em albergues, simplesmente maquiando o problema. Sobre o carnaval, ainda acho uma vergonha o brasileiro ter mais organização numa comemoração desse tipo do que em questões políticas, que é interesse da população.

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  3. Discordo veementemente em relação a possível "incapacidade do brasileiro de ser civilizado". Oras, quais são os nossos parâmetros de civilização? A europa, os EUA? Pois, nesse sentido, estou com Darcy Ribeiro e com o Baudrillard, na contemporaneidade essas localizações (geográficas e culturais) não passam de "o mais do mesmo". Sobretudo, ainda a respeito disso, talvez seja mesmo melhor ser "incivilizado", uma vez que a os bárbaros são os instauradores do novo, a lufada de ar saudável em um ambiente viciado (vide Roma, o Império). Que a "corrupção" seja endêmica é fato explicável pela nossa colonização. Aliás, nisso, a corrupção, estamos em igualdade com a sua Itália - ao menos pós-fascismo. A "limpeza social" faz parte sim do nosso cotiadiano, a constituição de guetos e bolsões de pobreza igualmente. Mas a questão não é essa, mas sim no humanístico (haha) exercício do Estado em desmantelar tais localidades a despeito de interesses imobiliários (portanto, econômicos)e utilizar para isso a sórdida desculpa de propiciar melhores condições de vida a essas pessoas. Falácia! E todos nós aceitamos essa justificativa porque somos hipócritas e, em verdade, pouco nos importa onde os pobres estão sendo levados... Coisa semelhante desembocou nas ações hitleristas... Acho sim uma vergonha não nos preocuparmos com política e isso se deve, claro, a nossa educação (não só a escolar) falha e mecanicista que não oferece uma formação para a cidadania e autonomia intelectual. Para finalizar, a "culpa" (oh, esse velho cordeiro cristão) não é "do" brasileiro - essa categoria abstrata apontada por você - mas nossa, que contribuimos fortemente para a manutenção de um sistema político - como por extensão religioso, arbitrário, patriarcal e autoritário, por vezes - no qual estamos inseridos.

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