quinta-feira, 2 de agosto de 2012

No quarto


A luz da vela era o que sobrava. Era o segundo dia que a vela marcava o tempo. O barulho que a chuva fazia lá fora outras vezes adiantaria a vinda do sono. Era quatro e vinte da manhã e o jornal da televisão exibia a previsão do tempo. O livro estava de bruços no chão e marcava a leitura na página trinta. Na direita da cama a garrafa de água estava pela metade. A vela ainda estava acesa. A gaveta da escrivaninha permanecia aberta. Um pedaço de madeira foi usado para tampar a janela do banheiro que faz divisa com o quarto. A madeira foi encapada com papel pardo e duas figuras enfeitavam aquele quarto de dois por quatro. Modigliani e Frida. Uma bandeira da Colômbia ajudava com as suas cores. Azul, amarelo e vermelho. Tudo, tudo era percebido no quarto, menos o sono.  

Um comentário:

  1. Finalmente um texto com aspectos pessoais, personalizado (personificado). Acho que você - autor - deveria adotar esta "voz" mais vezes.

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